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mmichelsohn

Relacionamentos Padronizados

Como identificar, interromper e transformar nossos padrões de relacionamento






Era uma vez três adolescentes de 16 anos: Lívia, Bianca e Márcia.


Bianca e Márcia são bem próximas, mas volta e meia Bianca procura Lívia para contar que Márcia brigou com ela.


Lívia me procurou para conversar sobre isso. Disse que Márcia sempre faz isso. Ela se aproxima de uma pessoa, virá "melhor amiga" e quando esta outra pessoa interage com diferentes colegas ou não faz exatamente o que Márcia quer, ela fica chateada e ameaça cortar relações.


Pergunto para Lívia porque Bianca precisa de uma relação como essa.


Lívia não entende e responde: "Mas a Márcia já fez isso com várias meninas, não foi só com a Bianca."


Eu disse que tinha entendido, porém como essa não foi a primeira vez que Bianca veio falar com Lívia sobre Márcia, mostrei que isso é um padrão. Ou seja, é algo que se repete. E, se é um padrão, significa que as duas partes envolvidas, por algum motivo, são cúmplices na manutenção deste círculo vicioso.


Aproveitei e perguntei por que Lívia precisa ser a confidente deste tipo de reclamação.


Ela pensou e disse que isso também acontece em outras situações. Outras colegas vem contar esse tipo de coisa para ela. Parece que é um padrão.


É na adolescência que começamos a cristalizar padrões de comportamento que, geralmente, surgem a partir de defesas. Começamos a criar uma identidade, empilhando fatos em cima de outros fatos. Criando sulcos em nosso ser. Quanto mais profundos, mais difícil de experimentar outros modos de ser, outras respostas. É bem provável que este padrão de resposta tenha começado na infância, na relação com pai, mãe ou um cuidador.



E é com base nestes modos repetitivos, habituais que vamos estabelecer nossos relacionamentos na vida adulta.


Talvez Bianca se interesse por pessoas que exigem dedicação total dela e caso ela falhe ameaçam romper a relação. Talvez Márcia vai se atrair por pessoas que vão fugir dela quando se sentirem sufocadas. Talvez Lívia se relacione com pessoas que se sentem vítimas e precisam de alguém para despejar seus problemas.


Buscamos essas pessoas para podermos olhar para nossas feridas de infância e ultrapassá-las, porém ao invés de fazer isso, ao invés de aproveitar o que o outro está nos mostrando sobre nossos padrões, acabamos sucumbindo à repetição.


Para sairmos da repetição, precisamos parar de procurar culpados fora de nós. E para pararmos de procurar culpados, precisamos reconhecer que estamos fazendo isso. Ao reconhecer nosso processo de vitimização de nós mesmos e culpabilização do outro, temos a chance de interromper o padrão. Dizer não. E aguardar alguns segundos, aguentando uma situação de vazio, de dúvida e de estar perdido.



Não julgue o "estar perdido" como algo negativo. Fique nessa situação por um tempo. Ela acontece quando interrompemos nossos padrões. Como estamos acostumados a seguir o que o padrão manda, ficamos mesmo desorientados quando dizemos não para eles.


Olhe ao seu redor. Perceba suas relações familiares, amorosas e de trabalho De quem você reclama frequentemente? Provavelmente existe um padrão criado entre vocês. Você pode reclamar o quanto quiser. Esse é o nosso principal hábito. Porém isso não fará com que você ou a situação mudem.


A única forma de mudar, é voltar o combate para você mesmo, assumindo sua cumplicidade e responsabilidade nesta relação, abrindo mão de defender uma identidade e matando o que você não precisa mais. Seja você uma adolescente de 16 anos, um homem de 55 ou uma senhora de 78.





(Aviso importante: Os textos publicados neste blog têm como objetivo compartilhar informações, experiências e reflexões relacionadas à terapia alternativa ou complementar. Eles não substituem aconselhamentos profissionais, diagnósticos ou tratamentos médicos e psicológicos. Caso você enfrente qualquer problema de saúde física ou mental, procure uma pessoa da sua confiança.)





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